
Na vida educacional bauruense, vários são os nomes que se destacaram e que muito contribuíram em prol do ensino. Esses mestres jamais foram esquecidos não só pelos seus antigos alunos, mas pela população em geral e por parte de nossas autoridades, razão porque muitos deles tiveram os seus nomes perpetuados em diferentes vias públicas. Assim, nem mesmo a implacável marca do tempo conseguiu fazer com que esses educadores ficassem no ostracismo.
A cidade progrediu assustadoramente, dezenas e dezenas de novas escolas foram criadas, Bauru/SP transformou-se num importante centro universitário e o nosso campo educacional foi enriquecido com a presença de novos professores. A força desse desenvolvimento que atingiu os mais diferentes setores da Sem Limites também tivesse uma influência decisiva no setor do ensino.
Entretanto, transcorridos tantos anos, os nomes dos velhos mestres jamais foram olvidados. Bauruenses hoje residentes nas mais distantes cidades, ainda se recordam com muito carinho daqueles homens e mulheres que lhes ensinaram as primeiras letras e números. Dedicados ao extremo, foram eles verdadeiros pais para os seus pequeninos alunos.
Há tempo que vínhamos tentando, principalmente junto aos familiares que hoje residem em outras cidades, informações a respeito do saudoso professor Luiz Castanho de Almeida, emérito educador que teve presença marcante em nossa Bauru, cujos filhos foram figuras atuantes na vida social e esportiva da Capital da Terra Branca nos idos de 30 e 40. Seu nome foi perpetuado em um de nossos estabelecimentos estaduais (Vila Falcão) e de uma travessa, razão porque jamais ficará no esquecimento.
Fazendo um levantamento de nosso acervo, principalmente no que diz respeito aos jornais que eram editados nas escolas, com satisfação que fomos encontrar um exemplar do veículo informativo que tinha o nome de Escolar e que era editado pelos alunos do Grupo Escolar Luiz Castanho de Almeida e que tinha como coordenador o professor Suzano Ribeiro Vianna, direção de Francisco Nascimento e a colaboração de alunos e professores em sua redação. A tiragem era de 1.000 exemplares, cuja edição, a que nos referimos, era de abril de 1960, número 11 em seu quarto ano de circulação.
Nesse número, entre as matérias constantes, tinha um comunicado com o título de Retorno à Circulação de onde destacamos: "Após alguns anos de silêncio, volta à circulação este pequenino jornal, órgão de divulgação das atividades do Grupo Escolar Luiz Castanho de Almeida. Esperamos que o Escolar encontre generosa acolhida entre o público de Vila Falcão, pois, a vida desse nosso periódico será, além de um estímulo para nós, pequenos estudantes, o porta-voz do nosso tradicional estabelecimento de ensino".
Todo o noticiário publicado nessa edição de o Escolar era de grande importância, mas para os dias de hoje, a matéria mais influente e que tanto procurávamos é a biografia de Luiz Castanho de Almeida se, não completa, pelo menos nos forneceu subsídios necessários para que pudéssemos preparar esta reportagem. Assim, a seguir passamos a narrar um pouco da vida de um dos grandes mestres que atuaram por nossa cidade.
O Professor Luiz Castanho de Almeida nasceu em Guareí/SP, em 30 de dezembro de 1886. Era filho de João Florêncio de Almeida, agrimensor e da professora Elza Castanho de Almeida, ambos pertencentes a tradicionais famílias paulistas. Realizou com brilhantismo o Curso Primário em sua cidade natal e diplomou-se Professor pela antiga Escola Normal de Itapetininga/SP, hoje, transformada em Instituto de Educação Peixoto Gomide (isso em 1960). Na Escola Normal distinguiu-se como um dos primeiros alunos, revelando especial carinho pela Língua Portuguesa, da qual tornou-se conhecedor profundo.
Iniciou suas atividades no Magistério aos 5 de dezembro de 1905 como Professor Substituto no Grupo Escolar de Faxina, atualmente Itapeva/SP. Em 1907 foi nomeado Professor Efetivo da Escola Masculina do Bairro do Serrador, em Itararé/SP. Em 1908 removeu-se para o Bairro Rodrigo Silva, de Porto Feliz/SP, onde contraiu núpcias com a professora Filomena Nogueira Castanho. De Porto Feliz foi removido, sucessivamente, para Bom Sucesso, São Sebastião/SP e Ubatuba/SP.
Aos 14 de outubro de 1914 obteve promoção para o cargo de Diretor do Grupo Escolar Joanópolis. Em 1918 exerceu a direção do Grupo Esperança de Oliveira, de Lençóis Paulista/SP, cidade em que se dedicou ao Jornalismo, dirigindo com êxito, "O Imparcial", do qual era também Redator-Gerente.
Finalmente, em 1924, ocupou a Diretoria do Estabelecimento que leva seu nome e em 1926 a do então 1º Grupo Escolar de Bauru, hoje Escola Técnica Rodrigues de Abreu, quando ainda funcionava na Avenida Rodrigues Alves, quadra 10, atrás da Catedral (hoje Colégio São José).
Em 1928 foi nomeado Inspetor Fiscal da Escola Normal Livre de Franca/SP e nessa cidade da Mogiana, colaborou no jornal O Comércio de Franca. Em 1931 exerceu as funções de Inspetor de Escolas Particulares, com sede em Araçatuba/SP. Em 1932, conseguiu por merecimento, a nomeação de Inspetor Escolar Primário, sendo lotado na Delegacia de Ensino de Bauru".
Luiz Castanho de Almeida, no exercício dos vários cargos que ocupou no Magistério de São Paulo, sempre se houve com dedicação, probidade, eficiência e, portanto, muito justa a homenagem do Governo do Estado que, através do Decreto 19.819, de 11 de outubro de 1950, perpetuou-lhe o nome como Patrono do 2º Grupo Escolar de Bauru. O Emérito Educador, sempre lembrado e venerado, falecido aos 8 de agosto de 1945, repousa seu sono eterno no Cemitério São Paulo, na capital paulista.
Foi uma felicidade para nós do BAURU ILUSTRADO, ter encontrado este exemplar do Escolar, que trouxe em sua primeira página todas estas informações sobre a vida de Luiz Castanho de Almeida. Fomos muito amigo de um de seus filhos - Alexis Castanho - atualmente residindo em São Paulo. Moema Castanho, uma de suas filhas, que foi casada com Sebastião Pecchi, com assiduidade acontece no BI, pois teve ela presença marcante na vida educacional de nossa cidade, foi Professora, e também com grande participação nos acontecimentos sociais no tempo em que aqui residiu. Lembramos igualmente de outros dois de seus filhos, Creso e Luiz Castanho de Almeida Filho.
Estamos perfeitamente lembrados de um dos locais onde o nosso focalizado residiu em Bauru, ou seja, em um sobradinho ainda existente no Calçadão Batista de Carvalho, quadra 6, cuja parte térrea durante muitos anos funcionou a Sorveteria do Jorge. Castanho de Almeida morava no pavimento superior e em nossa memória está a imagem daquele cidadão de vasta cabeleira branca, cujo porte, imponente, impressionava a todos. Esta matéria que mostra a vida profissional de Luiz Castanho de Almeida, talvez não esteja tão completa, mas influentes subsídios sobre ele nós pudemos trazer para os dias de hoje, em mais uma contribuição do BI ao resgate da história da Sem Limites.
Fonte: Bauru Ilustrado. Ano XVIII. N. 185. P. 11. Dezembro de 1991.
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